terça-feira, 28 de outubro de 2008

não há nada de preciso para dizer, apenas que sinto. sinto a tua falta ou o toque de puder contar contigo quando está escuro. eras tu que, quando fazia frio vinhas esperar-me à soleira da porta e aquecer o meu corpo quente, aquele meu corpo não habituado ao gélido frio da manhã. era a tua camisola de lã azul que eu de tão perto via e queria cheirar, agarrar, tomá-la minha. eras tu que selavas os meus olhos com beijos e tornavas tudo escuro e, no entanto, tão apaziguador, calmo. eras tu que lá estavas para me aquecer no teu abraço, para sorrires para mim. eras tu, aquele menino homem, que tudo me dava sem exigir nada em troca. sem te dares conta, deste-me a tua tristeza, a tua alegriae o teu mundo.
enfim, ondes estás tu menino homem?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

olha para onde eu corri mãe, foi para longe. olha onde eu cheguei mãe, foi ao mar. olha como eu cresci mãe...
não sei onde fui parar, depois de crescer. não sei para onde corri, depois de crescer. não sei da minha mãe...
depois dos lápis e das maravilhas, vieram as collants e as tiranias. ousadas, sujas e cansativas.

é tempo de ir repousar, por entre as tempestades e luzes.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sou o rapaz bolha. Sim, vivo numa bolha. Uma bolha minha, só minha, onde a água rodeia-me e sou incapaz de ver a minha própria mão. Deixo-me fluir entre a água à espera de uma resposta, mas estou estagnado, doente e a água está turva. Eu gostava de viver na água mas fartei-me porque tu vivias comigo - respiravas o meu ar - bolhas de ar, água, de ti; e agora? Virei turvo, carrancudo - se tu soubesses. Um dia teria de acabar não é verdade? Poderias ter esperado mais, mas és repentina. Tiraste-me o fundo e levantaste a rolha. Já não sou nenhum rapaz bolha, mas um homem numa banheira vazia.

Se ao menos pudesse dormir para sempre. E.B